quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Presidente da FAF na pressão, tenta se explicar, 24 anos no poder.

Presidente da FAF diz não ter medo de críticas
Reportagem do Globoesporte.com/am. 

Para informar aos nossos torcedores.
Bastidores
19.11.2015 - 00:34 - Amazonas.
Foto: Gabriel Mansur
Próximo de completar bodas de prata no comando da Federação Amazonense de Futebol (FAF), o presidente da entidade, Dissica Valério Tomaz foi sabatinado em uma audiência pública sobre o futebol amazonense, realizada nesta quarta-feira, na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM). Alvo de perguntas de torcedores, e com a participação de dirigentes e parlamentares na audiência, Dissica teve de falar mais de uma vez sobre seu mandato de 24 anos na FAF, assim como sobre as finanças da entidade, disposição de jogos do amazonense, futebol de base, e associação de clubes.

À frente a FAF desde 1991, Dissica foi questionado sobre seu longo mandato, que é alvo inclusive do Ministério Público do Estado (MPE). Segundo ele, existe um trabalho de renovação dentro da federação, mas que conta com a experiência de quem já milita na entidade há bastante tempo.

- Estamos fazendo um trabalho de renovação dentro da federação. Mas a gente não pode pegar uma pessoa que tem dez anos de experiência e simplesmente jogar fora porque já está há dez anos. O Ivan Guimarães, que prestou grande serviço aos clubes do futebol do Amazonas e hoje está na federação, está fazendo um curso na CBF de gestão esportiva. Todo final de mês ele vai para lá com o custo sendo pago pela própria CBF para aprender sobre futebol. Futebol feminino: mandei o [José] Said, que está no Iranduba, fazer um curso na CBF sobre futebol feminino – justificou.

Segundo ele, o estatuto da FAF não privilegia a velha guarda da entidade, afirmando que eleições irão escolher um novo presidente, com direito a uma única reeleição.

- O estatuto da Federação Amazonense de Futebol é igual a todos os outros do país, que segue a orientação da CBF. Não há diferença nenhuma. Não privilegia ninguém. Inserimos uma única reeleição, e vamos colocar outras, como o voto da comissão dos árbitros, e de outros segmentos do futebol, como acontece no Tribunal de Justiça Desportiva, por exemplo – afirmou.

Dissica disse ainda que não teme críticas e ainda convidou torcedores a comparecerem à federação.
- Não tenho o menor problema em ouvir qualquer tipo de crítica ou cobrança, caso contrário não estaria aqui. Já fui até em reunião de torcida organizada em escola municipal. São os mesmos que de vez em quando vão à federação fazer movimento, e eu não tenho problema com isso. Vivemos em um país democrático e eu tenho que respeitar isso. A diversidade de opinião. Isso faz parte da minha personalidade. Quero convidar vocês, respeito muito todos porque são torcedores, são quem fazem as coisas acontecerem: vão lá na federação! – afirmou.

AMAZONAS X RESTO DO PAÍS

Dissica falou também sobre assuntos que vez ou outra voltam a ser comentados entre a imprensa e torcedores. O primeiro deles foi a coincidência dos jogos do Amazonense com partidas televisionadas do restante do país. Admitindo que a torcida amazonense tem uma tendência maior a torcer para equipes de fora do estado, a federação tem tentado fugir de datas onde o apelo dos jogos televisionados seja maior, mas segundo o presidente, a tática tem ficado a cada ano mais difícil, empurrando os jogos do estadual para segundas, como aconteceu em 2015.

- É praticamente impossível não haver coincidência, porque tem jogo quinta, sexta, sábado, domingo. Só a segunda-feira fica livre porque até terça tem jogo. Fica muito difícil. Nós temos procurado a associação uma forma de não haver coincidência, mas é muito difícil. Já fizemos até sexta, às 19h, sábado, às 19h, buscando alternativa – explicou.

BASE NO 1º SEMESTRE?

O presidente da FAF se mostrou contra a realização dos campeonatos de base no primeiro semestre. Segundo ele, como essas competições tem um alto número de partidas por semana, caso sejam disputadas no período de inverno amazônico, onde as chuvas são relativamente constantes, a consequência seria o desgaste do gramado em um curto espaço de tempo.

- Eu defendo jogos preliminares desde que me entendo por gente, porque eu sou um produto de preliminar. Fui galgado ao time principal do São Raimundo jogando no juvenil, nas preliminares. Agora, é impossível fazer preliminar no período de primeiro semestre no Estado do Amazonas. Antigamente era no segundo semestre, durante o verão. Hoje, fazer jogos nessa grama dos dois estádios menores é acabar com eles em quinze dias. Dois finais de semana e você não terá mais gramado para jogar futebol – afirmou.

CONTAS DA FAF

O mandatário foi questionado também sobre as finanças da FAF, que também estão sendo alvo do Ministério Público. Dissica enfatizou que todo o dinheiro arrecadado pela entidade está sendo devidamente declarado.

- O que aconteceu ano passado foi algo inusitado. Tivemos jogos antes da Copa, que foram bastante motivadores porque tivemos uma receita de mais de R$ 600 mil só com partidas. Fizemos uma reforma na federação, que eu orcei em pouco mais de R$ 400 mil, mas que passou bastante. O balanço está à disposição e todos os anos são realizadas as nossas assembleias gerais até o final de abril para cumprir a lei que está no estatuto do torcedor. Publicamos isso no site da CBF e esse valor que está lá é o que arrecadamos na realidade. Teria vergonha de ter sido detectada alguma arrecadação que não estivesse lá, que eu tivesse omitido. Mas eu não tenho esse problema, a federação está aberta – afirmou.

Ainda no assunto, Dissica levou números para ilustrar sua fala.
- A FAF vive do repasse da CBF, que é de R$ 50 mil. Em novembro recebe R$ 100 mil, porque tem 13º e outras coisas. A receita do futebol amazonense por ano é R$ 22 mil, que foi o que deu ano passado, porque esse ano deu até menos. A nossa folha de pagamento hoje, que está à disposição de vocês, fica em torno de 64 mil. Eu tenho parcelamento do INSS que eu pago todo mês, porque quando nos fiscalizaram aplicaram uma multa de R$ 1 milhão. Conversamos com a superintendência do INSS no Amazonas e conseguimos diminuir essa multa para R$ 290 mil, dos quais somente R$ 14 mil eram de responsabilidade da FAF. O restante era todo do quadro móvel não recolhido dos jogos do Campeonato Amazonense, que não dava para cobrir nem mesmo a despesa do ônus do INSS. Durante anos, abri mão da metade da arrecadação dos jogos do São Raimundo. Para eles foi extremamente importante poder pagar o quadro móvel e as arbitragens. Os promotores perderam R$ 500 mil com o Super Series, por exemplo, então as coisas não são como parecem – completou.

FAF X ACPEA?

Dissica também foi questionado sobre a relação da FAF com a Associação dos Clubes Profissionais do Amazonas (ACPEA).
- Não existe conflito entre FAF e ACPEA. A associação é uma parceira. Eu disse ontem numa entrevista inclusive que eles até dividem responsabilidade comigo. Antes só a federação pegava porrada,agora eles também estão pegando. Somos nós, os clubes, que discutimos todos os projetos, calendários, regulamentos. Antes era tudo com a federação, então a ACPEA tem sido parceira. Eles têm discutido internamente os problemas e quando vem para a federação a gente adéqua na forma da lei – explicou.
Fonte: Globoesporte.com
 

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