segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Clubes sem oposição à presidente.

Falta de oposição faz grupos se perpetuarem em clubes

02.11.2015 - 15:53 - Amazonas
 Diário do Amazonas.
Sem candidatos de oposição nas eleições, o cargo de presidente em um clube de futebol do Amazonas é quase vitalício. O desinteresse pelo pleito, é justificado pelos  gestores consultados pelo DIÁRIO, pela dificuldade de administrar um time local em um mercado deficitário de público e dinheiro, apesar de os clubes locais terem recebido R$ 19,7 milhões do poder público, nos últimos dez anos . A alternância no poder reveza na presidência, na maioria das vezes, os integrantes dos mesmos grupos políticos.

No Nacional, os mandatos são bienais e o processo eleitoral acontece, tradicionalmente, na primeira quinzena de janeiro, mês de aniversário do Leão da Vila, que já tem 102 anos de fundação. Ao lado do Rio Negro, que no dia 13 deste mês completa a mesma idade do arquirrival, é um dos clubes mais antigos em atividade do Estado.

Atualmente, o empresário Mário Cortez está no quarto mandato e no segundo consecutivo como presidente do Naça. Mas, para se manter no cargo máximo na agremiação, ele afirma que precisou ter pulso firme para suportar os problemas do dia a dia no Leão. “Aqui no Nacional, há muitos anos, que não há oposição, apenas sempre (chapa de) situação. É porque para manter o departamento de futebol ativo, o cabra tem que ser macho mesmo”, garante Cortez.

Para se candidatar no Nacional, conforme o presidente, todos os sócios adimplentes podem disputar as eleições. No clube, 150 associados, que estão com as mensalidades em dia, estão aptos a concorrer em uma chapa ou votar. O próximo pleito será apenas em 2017. “Estou 7% da vida do Nacional como presidente. Queremos soerguer o clube e, graças a Deus, estamos conseguindo. Estou louco que apareça alguém para assumir o meu lugar. Estou cansado, são quatro anos diretos, diariamente, aqui no Nacional de domingo a domingo”, disse Mário Cortez, que ainda não definiu se pretende seguir por mais dois anos na presidência.

No Fast Clube, mais de 200 sócios-proprietários ativos podem votar. Desde o afastamento do antigo presidente Sérgio Ribeiro, em 2008, a pedido do Ministério Público do Estado (MP-AM) por detectar irregularidades nas últimas cinco eleições do Tricolor, o vice-presidente da época, Cláudio Nobre, virou interventor e assumiu, interinamente, a presidência. Desde então, o Rolo Compressor convocou um novo pleito e elegeu o empresário Ednailson Rozenha, no ano seguinte, em 2009, por aclamação.

Apesar da promessa de evitar reeleições da diretoria no estatuto reformado no período da intervenção do MP-AM, Rozenha está no terceiro mandato consecutivo, que também é bienal, no Rolo Compressor. “Às vezes, há oposição, mas, ultimamente, está tendo aclamação no Fast. É um clube muito pequeno, então, o colégio eleitoral é pequeno. Não é que não existe oposição, todo mundo sabe os problemas do futebol do Amazonas e está bem conduzido nas mãos do Rozenha”, justificou Nobre, que se mantém como vice-presidente.

A falta de patrocínio para os clubes tem afastado os opositores, segundo o dirigente fastiano. “É um pepino muito grande assumir um clube de futebol no Estado. Ainda mais um clube que tem quase 90 anos (85 anos). Se não tem receita, não tem como fazer milagre. Temos uma diretoria que dá suporte, não é apenas o Rozenha que trouxe receita”, comentou Cláudio Nobre.

O mandato para a presidência do Rio Negro também não costuma sofrer concorrência. Depois de dois triênios sem interrupção, desde 2007, do ex-gestor Eymar Gondim, o atual mandatário do Galo, Thales Verçosa, tem procurado solucionar os problemas financeiros do clube, que levaram a atrasos costumeiros de salários dos jogadores.

Mas, para preservar a imagem do Alvinegro, Verçosa prefere não comentar sobre o processo eleitoral. “Isso é um assunto interno do clube. Não estou falando mais nada do Rio Negro, porque as pessoas interpretam de outra forma. O clube é dos associados e para eles que interessa”, resumiu o presidente.

Poucas trocas

O presidente do Princesa do Solimões, Holofernes Leite, o Loló, 61, não precisou lidar com outros candidatos para assumir os seis mandatos no clube de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus).  Nos 12 anos dedicados ao comando do Tubarão, ele precisou se ausentar do cargo por dois anos até retomar, em 2012. “O Princesa tem 380 sócios, com direito a voto, mas ninguém paga nada porque a sede está desativada. Aqui, sempre foi na santa paz (as eleições)”, garantiu o dirigente.

Em 2017, será o próximo pleito no Tubarão e Loló acredita que precisará se reeleger mais uma vez ‘por amor ao clube’. “Estou com vontade de entregar agora (o cargo), porque a situação está muito difícil e não podemos assumir nada sem condições. Vamos ver se aparece alguém para presidir o Princesa, mas ninguém quer”, afirmou.

Com apenas dois anos de fundação, o clube caçula do futebol amazonense, Manaus FC, já teve troca de presidentes apesar do mandato ser de três anos. O vereador Luís Mitoso, que deixou a vice-presidência do Nacional para fundar o Gavião do Norte junto com outros ex-dirigentes dissidentes do Leão da Vila, largou a presidência em agosto, para se dedicar mais à carreira política. No lugar dele, assumiu Patrícia Serudo, ex-presidente do Penarol, de Itacoatiara (a 176 quilômetros da capital).

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